“Um rio não deixa de ser um rio porque conflui com outro rio, ao contrário, ele passa a ser ele mesmo e outros rios, ele se fortalece”, diz Antônio Bispo dos Santos, o Nego Bispo, professor, escritor e ativista social. Com essa reflexão, saudamos nossos(as) professores(as), coordenadores(as) e gestores(as) para o início de um novo ano letivo. O tema “Educação sustentável, inovadora e que cuida das aprendizagens na Bahia” para a Jornada Pedagógica 2025 nos convoca a reconhecer que a sustentabilidade não é um projeto individual, mas coletivo e, portanto, indissociável da educação pública.

Ao celebrarmos o início deste novo ano letivo, destacamos que a educação sustentável é um caminho que nos fortalece para os desafios contemporâneos, entre os quais, a compreensão da centralidade dos biomas brasileiros, o reconhecimento do meio ambiente como um direito fundamental de terceira geração e o enfrentamento do racismo ambiental. Não se trata apenas de integrar práticas e conteúdos que ensinam sobre sustentabilidade, mas de incorporá-los no cotidiano das escolas, proporcionando uma aprendizagem significativa para nossos(as) estudantes e envolvendo toda a comunidade escolar. Isso implica na construção de um planejamento e gestão educacional que conectem a agenda global às experiências dos atores educacionais em suas escolas, bairros e cidades.

Ao integrar a educação sustentável no cotidiano escolar, também abrimos espaço para práticas educativas inovadoras, que colaborem para a apropriação social dos ganhos de tecnologia existentes. Inovação, nesse sentido, vai além da utilização de ferramentas tecnológicas. A educação para a sustentabilidade é capaz de promover a transformação dessas tecnologias em algo que faça sentido dentro do contexto social, cultural e econômico de formas coletivas e históricas de existência. Inovar também implica no reconhecimento de questões contemporâneas, em relação às quais paradigmas hegemônicos tornaram-se obsoletos. A importância das cosmovisões indígenas para nossa sobrevivência enquanto espécie, dessa forma, está fortemente inserida em uma educação sustentável e inovadora, promovendo uma ética da interdependência e do bem viver.

A ampliação de práticas educativas sustentáveis e inovadoras nos leva a assumir que nossa rede de ensino deve refletir a extensão e pluralidade do território baiano. A diversidade é um aspecto fundamental da educação sustentável, na medida em que esta se realiza em ambientes de aprendizagem que respeitem e valorizem as perspectivas e vivências dos(as) estudantes. Nesse sentido, entendemos que a adolescência não é uma experiência única, mas vivida em correlação com diversos fatores, como acesso à educação, saúde mental, redes de apoio e oportunidades de lazer. Quando os professores(as) reconhecem as individualidades de cada estudante, considerando suas histórias de vida, interesses e desafios pessoais, este interesse retorna na forma de maior engajamento e participação nas atividades escolares. 

A inclusão de um componente curricular que versa sobre a História da Bahia no Ensino Fundamental (Resolução CEE/BA n.125/2024), etapa onde se formam as bases para o desenvolvimento integral dos(as) estudantes, está entre as formas materializadas desse direcionamento para um ambiente escolar mais sustentável, inclusivo e representativo. Abordar a história do estado trará aos(às) discentes a oportunidade de conhecer suas raízes culturais, sociais e ambientais e conectá-las às questões contemporâneas. A história da Bahia está intrinsecamente ligada à sua biodiversidade, aos modos de vida tradicionais e às práticas de conservação que as comunidades locais desenvolveram ao longo dos anos, temas que inspiram a adoção de um comportamento de respeito às tradições locais e de compromisso com um futuro ético e responsável. 

Para que todos esses princípios estejam alinhados e para que a comunidade escolar convirja em seus objetivos, dispomos de alguns instrumentos importantes, que convidamos nossos(as) profissionais da educação a revisitar. O Documento Curricular Referencial da Bahia, os Currículos Escolares, os Projetos Políticos Pedagógicos e os Planos de Ensino de cada unidade escolar, quando articulados, são capazes de orientar não apenas o cotidiano da escola, mas uma prática pedagógica exitosa em 2025. Ao associar as orientações curriculares com uma atitude acolhedora e uma visão otimista sobre o potencial de cada estudante, favorecemos a criação de um espaço de crescimento para nossos(as) alunos(as) e de esperança para nosso trabalho.

Um excelente ano a todos(as)!